Mind your own business

(Este texto vem a propósito de uma cena estúpida que disse a semana passada. Vou já adiantar que cenas estúpidas eu digo todos os dias mas depois tem umas que superam os níveis todos e geram conversas e depois vêm cá parar. Este foi o caso. Disse uma coisa estúpida, falei sobre isso com alguém e agora virou tema para o blog. Sim, aquilo em que me inspiro é tão basic como isto: a dura realidade.)





Não posso chamar a situação de problema mas é o único nome que me ocorre de momento. Todos temos problemas, situações por resolver com alguém, pedidos de desculpa que ficaram por dizer mas ainda nos pesam ou culpas que não deviam pesar porque não são realmente nossas. No fundo são ou foram estas situações que fizeram de nós quem somos hoje. Por causa disto é que muitas vezes não esquecemos: lembramos sempre aquele primeiro amor que se seguiu de um desgosto enorme, aquela discussão com um amigo e qualquer coisa que nos toque minimamente é para sempre lembrado porque fez de ti ou daquela amizade aquilo que são hoje.

Temos de parar de nos obrigar a esquecer determinada situação só porque não correu assim tão bem e temos de fazer com que os outros parem de nos obrigar a isso. Já pensaram que se vocês pudessem se esquecer das coisas más que vos acontecem iam estar a esquecer essas memórias, a experiência que ganharam e, no fundo, a pessoa que são devido a isso?


Seguir em frente e esquecer são cenas completamente diferentes. Temos de nos permitir seguir em frente sem esquecer o que aconteceu. Soa complicado mas é a verdade. Quando acabas uma relação, por exemplo, vai haver coisas que te vão lembrar da pessoa e tu vais querer esquecer mas na realidade tu queres é que a dor que sentes passe e te permitas seguir em frente. Tu nunca esqueces um ex, um amigo ou alguém que se cruze contigo.

Mas não te censures se houver situações em que não consegues seguir em frente ou perdoar. Nem te sintas obrigado a fazê-lo porque alguém pede. Só te vais sentir melhor contigo mesmo se isso for genuíno. Há situações que ou custam a perdoar ou são imperdoáveis e há outras em que, antes de perdoares os outros, tens de te perdoar a ti pela culpa que te auto-infligiste. Há muita coisa que não é culpa nossa mas nós mesmo assim culpamo-nos por ter acontecido assim.




Cada pessoa tem o seu tempo para se perdoar, perdoar os outros e seguir em frente mas os outros acham que opinar sobre isso nos vai ajudar a chegar lá mais depressa quando acontece o oposto. Se cada um de nós se preocupa-se mais com as culpas que carrega do que com as culpas dos outros acredito que estávamos todos melhores a nível de saúde mental.



Resumindo cada um tem os seus problemas, as suas situações mal resolvidas e as culpas que carrega e nenhum de nós sabe o peso que isso tem no outro. Aquilo que pesa para mim pode não pesar para ti mesmo que a tua situação seja similar à minha. Tu só sabes opinar sobre as tuas lutas e sobre o tempo que tu levas para resolver as coisas mas eu não sou igual a ti, nem carrego as tuas culpas, nem a tua história. Aprecio o apoio claro que sim. És uma das minhas pessoas favoritas mas cada macaco no seu galho e tu, por muito que eu explique, não conseguirás entender o motivo de eu ser diferente de ti nesta mesma situação.

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